5 razões para
trabalhar em empresa pequena
André Lessa
Vindo da gigante
P&G, o engenheiro de computação Fabio Caldeira, de 36 anos, valoriza a
autonomia de que desfruta na Dextra, desenvolvedora de softwares de Campinas,
na qual foi contratado há cinco meses.
Nataly Pugliesi, da VOCÊ S/A
Pelo terceiro ano consecutivo, em 2014 foram as micro e pequenas empresas que sustentaram o saldo positivo de geração de vagas no país, segundo
levantamento feito pela FGV Projetos em parceria com o Sebrae, com base nos
números do Ministério do Trabalho. Conforme o estudo, de janeiro a novembro do
ano passado, essas empresas criaram 794 000 postos de trabalho, enquanto as
grandes fecharam 112 000.
No site de empregos Catho, os pequenos negócios
foram responsáveis por 40% das vagas divulgadas em 2014, uma ligeira vantagem
sobre as grandes (37%). É a primeira vez que isso ocorre. “Até 2013, eram as
grandes que lideravam a publicação de anúncios”, diz Luís Testa, diretor de
pesquisa e estratégia da Catho.
Em 2015, o cenário deve se repetir. Segundo a
Pesquisa de Expectativa de Emprego, da consultoria ManpowerGroup, com 851
companhias, 18% das micro, pequenas e médias planejam ampliar o número de
empregados, intenção compartilhada por 13% das grandes companhias.
Uma das explicações para as melhores perspectivas
de contratação nas empresasde menor porte está na desaceleração
da economia, que faz com que as grandes empresas cortem custos. “Elas acabam
optando pela terceirização de atividades, contratando pequenas e médias
empresas, em vez de aumentar seu quadro”, diz Ricardo Rochman, da Escola de
Economia de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas.
O economista aponta outras razões para considerar a
migração para uma pequena empresa em 2015. “Elas costumam ser mais ágeis, menos
burocráticas, e tendem a inovar mais frequentemente do que as grandes
empresas”, afirma Ricardo.
1º argumento: Segurança
Para Riccardo Barberis, CEO da ManpowerGroup
Brasil, as pequenas e médias podem representar maior segurança para os
profissionais num ano de instabilidade no mercado. “A pequena empresa convive
com a dificuldade de reter seus talentos e sabe que a perda de capital
intelectual tem um peso maior em sua estrutura, por isso tende a ser mais
cuidadosa com os desligamentos do que as grandes”, diz ele.
2º argumento: Bom para a carreira
Ir para uma empresa menor — algo que já foi
visto como um passo atrás — pode representar crescimento profissional. “Meu
salário já superou bastante o que eu ganhava antes”, diz a engenheira Adriana
Avó, de 38 anos, diretora de relacionamento da Mobly, site de venda de móveis,
de São Paulo. Em 2011, quando saiu da Gafisa, onde era gerente, a Mobly estava
no ar havia três meses e empregava 50 pessoas (hoje são 560). “Foi uma decisão
de risco, mas ajudei a construir a cultura da empresa", diz Adriana.
3º argumento: Autonomia
A possibilidade de fazer a diferença nos rumos do
negócio faz com que muitas pessoas troquem as empresas grandes pelas menores.
“Uma forte frustração de profissionais de grandes organizações é a morosidade
nas decisões, porque um projeto pode demorar meses e até anos para sair do
papel”, afirma André Rapoport, diretor-geral da Right Management, empresa
especializada em gestão de carreira e talentos, de São Paulo. “As pequenas
oferecem a oportunidade de liderar projetos que tragam resultados em curto
espaço de tempo e permitem negociar diretamente com o dono seu esquema de
trabalho”, diz Luís Testa, da Catho.
4º argumento: Menos pressão
A busca por uma vida mais equilibrada fez com que
Manuela Cardoso de Castro, de 31 anos, optasse por trabalhar na Brasil
Pré-Pagos, empresa de 60 funcionários, de Campinas, onde é gerente de produto
há três meses. No emprego anterior, uma empresa de logística, Manuela não tinha
a flexibilidade de horários que desejava. “Recentemente, pude acompanhar minha
mãe em uma cirurgia e ainda trabalhei meio período no dia seguinte”, diz
Manuela, que teve seu primeiro filho em 2014. “Quando se é mãe,
flexibilidade de horário tem muito valor", afirma.
5º argumento: Aprendizado intenso
Pode faltar investimento em cursos e
auxílio-educação por não haver orçamento, mas, segundo os profissionais que atuam
nas pequenas, isso é compensado pelo aprendizado intenso que elas proporcionam,
por demandar profissionais versáteis e polivalentes. “Você se torna responsável
por um conjunto de resultados que, numa empresa grande, dividiria com um grupo
de pessoas”, diz o engenheiro de computação Fabio Caldeira, de 36 anos, que
trocou a P&G pela desenvolvedora de softwares Dextra, de Campinas, onde
ocupa o posto de executivo de contas.